Donald Trump culpa esquerda radical pela morte de Charlie Kirk; incidente reacende temores sobre polarização e violência política nos EUA.
O assassinato do ativista ultraconservador Charlie Kirk, ocorrido durante um evento na Universidade Utah Valley, aprofundou os temores sobre a crescente violência política nos EUA. Kirk, de 31 anos, foi baleado no pescoço na quarta-feira (10), em meio a um ambiente cada vez mais polarizado.
Mais do que um aliado, Kirk era um defensor incondicional de Donald Trump. Era ele quem entrevistava e testava a lealdade de indicados a cargos estratégicos no governo, como no Pentágono e nas agências de inteligência, após a reeleição do republicano. Sua dedicação lhe rendeu elogios públicos de Trump, que creditava ao ativista a mobilização da juventude conservadora em sua campanha de retorno à Casa Branca.
Conhecido por sua atuação no movimento MAGA (“Make America Great Again”), Kirk mantinha uma retórica considerada inflamada, frequentemente associada a comentários racistas, homofóbicos e xenofóbicos. Sua morte gerou reações imediatas — e acaloradas — no cenário político.
Durante um pronunciamento feito no mesmo dia do ataque, Trump acusou diretamente a esquerda radical de ser responsável pelo crime:
“Durante anos, a esquerda radical comparou americanos maravilhosos como Charlie a nazistas e assassinos em massa. Esse tipo de retórica está alimentando o terrorismo no país e precisa acabar agora”, declarou o presidente.
A resposta de Trump aumentou a tensão e fomentou preocupações sobre um possível acirramento dos confrontos políticos. Líderes republicanos e democratas condenaram o ataque. Para o governador republicano de Utah, Spencer Cox, a tragédia é um reflexo de uma nação em crise:
“Nossa nação está quebrada. Nada do que eu diga pode nos unir como país.”
Já o governador democrata de Illinois, JB Pritzker, responsabilizou a própria retórica de Trump:
“Acho que o discurso do presidente fomenta isso. Ele perdoou os manifestantes do 6 de janeiro e isso envia uma mensagem perigosa. É um sinal terrível para quem cogita cometer violência política.”
A escalada de episódios violentos não é recente. Trump já foi alvo de duas tentativas de assassinato durante a campanha. Em abril, a casa do governador democrata da Pensilvânia, Josh Shapiro, foi incendiada. Em junho, uma deputada estadual foi assassinada a tiros junto com o marido em Minnesota.
Sem informações definitivas sobre os motivos do ataque a Kirk, o clima político está ainda mais inflamado. Vozes da direita radical interpretam a morte como um ataque direto ao movimento conservador.
O comentarista e conspiracionista Alex Jones foi um dos primeiros a reagir:
“Estamos em guerra. A esquerda está intensificando seus ataques. E se não reagirmos, o pior ainda virá.”
Jones, conhecido por difundir teorias da conspiração, foi condenado a pagar US$ 1 bilhão por espalhar mentiras sobre o massacre de Sandy Hook — tragédia que deixou 20 crianças mortas em 2012.
A morte de Kirk, ainda cercada de mistério, já se tornou símbolo da crescente radicalização nos EUA, onde o debate político vem se tornando cada vez mais violento e perigoso.